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A mostra “Não está claro até que a noite caia”, da artista Juliana Stein, com curadoria de Agnaldo Farias, integra a “Bienal de Curitiba 2017”.
Na exposição a artista explora as questões sobre os processos de produção da imagem fotográfica e os processos de leitura envolvidos. As obras apresentam indagações como “existe uma imagem para cada palavra? Existe uma palavra para cada imagem?” Para a artista, “a fotografia tem este caráter de traço, de ter estado na frente do objeto e, apesar disto, de funcionar dentro de um circuito enquanto algo lhe falta. A imagem fotográfica é o registro de algo, mas do quê?”.
Arrisco, com a escrita deste texto, traçar um desenho sobre a produção dos trabalhos desta mostra. Mais precisamente sobre o lugar de onde creio partir e me enredar ao que digo aqui. Começo apontando para a sensação de que falharei e de que, como me parece, este é o risco inerente à escrita e à leitura. Sujeito-me ao risco desta escrita-desenho sob a perspectiva de que, numa frase pronunciada ou escrita, alguma coisa se estatela.
A fotografia tem este caráter de traço, de ter estado na frente do objeto e, apesar disto, de funcionar dentro de um circuito enquanto algo lhe falta.
A imagem fotográfica é o registro de algo, mas do quê? Tomando um lugar em relação a esta nebulosa verdade de que algo esteve ali da fotografia, recorro ao que ali está disposto como estatuto de letra, traço unário da escrita e que aparece como um saber que não se sabe.
Mas que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?
Falar e querer dizer não são a mesma coisa. Nas minhas palavras há sempre mais do que quero dizer e sempre outra coisa. Acompanhar a noite das coisas, especialmente daquelas em que o sentido é um risco e não pode ser muito bem previsto pois está sempre mais além. Falamos para dizer a verdade, que não se diz toda porque as palavras faltam.
Não está claro até que a noite caia é uma tentativa de articular espaços da fotografia em torno do sentido opaco das coisas que escapam e que nos inscrevem mais do que podemos escrever sobre elas.
Temendo e desejando estar, eu mesma, numa posição não tão visível, ocupo-me aqui justamente destas coisas que só se entregam, só se esclarecem quando olhamos meio de lado.
Texto por Juliana Stein
Agnaldo Farias
Curador do MON Curator